Páginas

domingo, 27 de setembro de 2009

O QUE FAÇO?

CLAUDETE T. DA MATA:

Sou mãe, presenteada por Deus com dois rebentos maravilhosos, Nalin e Natan, dois seres iluminados que vieram ao mundo para dar mais sentido à minha estadia no planeta Terra, e esposa de um homem maravilhoso, do tipo que me dá azas para voar, sem podar nenhuma das minhas penas. Aprendemos juntos, a convicer com nossas diferenças, respeitando-nos sempre. Assim, já estamos juntos ha 21 anos, e confesso que está valendo muito a experiência. Atualmente, represento as manezinhas da Ilha de Santa Catarina, "Candoca", uma típica animadora e divulgadora de eventos, que encanta e desencanta coisas que até Deus duvida. Vivo uma constantes buscas de novos saberes!


Olha só eu aí de "Candoca", contando histórias para 120 crianças no CEI Carolina, Biguaçu/Fpolis/SC/Br/2009. Hoje meu conto "O filho da Bruxa" e "A lendas das pedras de Itaguaçu".
Quer ouvir?
Lá pras bandas da praia do Ribeirão da Ilha de Santa Cataria viva uma mulher muito estranha. Do outro lado viva um pescador. O lugar era cheio de gatos, cachorro do mato e outros bichos. De madrugada, principalmente nas noites de lua cheia, a bicharada ficava agitada, as crianças choravam tanto que parecia rasgar a boca e arrebentar a barriga. os patos andavam pra lá e pra cá. Na beira da praia os pescadores ficavam em silêncio. Diziam que era noite de bruxa.
A dona Sissa, uma benzedeira do lugar, que ajudava muitas crianças a nascer, também ficou agitada. Sentiu que algo de estranho estava para acontecer. E aconteceu. Até os cachorros do mato latiam e ganiam sem parar. Os gatos miavam e um choro se misturava aos miados.
Em alto mar, os pescadores foram chamados pelo pescador mais velho. Ele pediu que todos ficassem quietos para ouvir o que estava ouvindo. O silêncios se instalou e o saragaço começou.
- O cumpadi tá orvindo o que, homi de Deugi? Quis saber um dos pescadores, já fazendo o "sinal da cruz".
- Tô orvindo um choro de guri piquenu, não tax orvindo seu tansu? Adexpox o surdo so eu, visse?
E todos voltaram ao silêncio em respeito ao Vivinho, o pescador mais velho do bando, que, perdendo as estribeiras, decidiu voltar e procurar a criança.
- Cumpadi, isso é ganido de filhote de cachorro. O diacho deve te acabado de nascê, visse? Retrucou o pescador mais novo do bando, já saltando da canos.
- Larga dessa bobice que é choro de criança e vem lá do meio do milharal, vamo, vamos - disse Seo Vivinho.
Dentro de casa, a dona Sissa já se aprontava para sair e ver de onde vinha o choro, que para ela também era de criança e vinha do meio do milharal. Ao sair, os cachorros a seguiram e foram farejando.
Seo Vivinho chegou primeiro e encontro o dono do choro. Uma criança recém nascida enrolada em panos velhos. Ao olhar para o pescador mais novo, a criança parou de chorar e sorriu. E, o silêncio se instalou. 
Seo Vivinho pegou a criança e colocou no colo do Zé das Pedras, o pescador que agradou a criança.
- Acho bão levá lá pra sinhá Sissa vê se é menino ô minina. Vamo?
Enquanto os pescadores saiam do milharal, dona Sissa que estava à procura da criança, na companhia de seus cães de caça, nada encontrando, voltou para casa. Ao chegar encontrou os pescadores que narraram o acontecido e entraram juntos na casa da benzedeira. 
- É um minino forte e sem marca de bruxa. Vou fazê a reza de proteção e dexpox tu leva ele pra e cria como teu fiu, visse Zé? 
- Eu que nem muié tenho, comu qui vô criá essi minino, sinhá?
- Óiaqui seu cagão, eu batizo ele e tu cria. E regixtra ele cunomi di João. Agora toma qui o fiu é teu i trata logo de casá, visse? Foi assim que tudo aconteceu lá para as bandas da praia do Ribeirão, onde nascer e viveu Velho João, ontem menino que adorava pegar conchinhas na praia, brincar com as meninas estranhas e ouvir histórias antes de dormir. A cada noite, sua mãe enchia sua imaginação de fadas, bruxas e até de dragões. O menino era feliz por viver tantas aventuras, onde ele era sempre o herói, mesmo que todos o chamasse de filho da bruxa, quando ele entrava no milharal para pegar passarinho. Nesse tempo era comum caçar passarinhos para comer assados sobre a chapa do fogão à lenha.
O tempo passou, João cresceu e não quis mais saber de colher conchas na praia, brincar com as meninas nas noites de lua, e nem de ouvir histórias de bruxas. 
Na mocidade, ele apaixonou-se e quis casar. Mas nenhuma moça quis saber dele, porque a vizinhança sempre dizia: 
- Aquele é filho de bruxa!!!
Tempos depois, João tornou-se um grande percador e gostava de vizitar o farol da Praia dos Naufragados. Sozinho na sua casa à beira da praiaJoão envelheceu. Ele morava numa casa engraçada, onde levantava com as galinhas e as marrecas, suas companheiras poedeiras, e dormia com o Sol.
Para sua surpresa, numa noite de lua cheia, Velho João ouviu uns ruídos estranhos, que vinham lá da cozinha, parecendo cochichos de mulheres. E veio-lhe à memória que uma das vozes parecia sua mãe.
Ele se levantou de mansinho, pé por pé... Desceu do sótão, onde costumava dormir desde menino. Prestou atenção e ouviu que as vozes eram de bruxas que estavam na sua cozinha, na maior festança a planejar seus passeios bruxólicos noturnos, após a comilança, para chupar sangue de criancinha de berço.
Tomado pelo medo, velho João manteve-se calado, espiando o saragaço da porta de seu quarto. Usando de toda a sua experiência e sabedoria, a bruxa mais velha do bando, viu o velho João tremendo que nem vara verde. Nesse momento, a vassoura matreira, que estava encostada no fogão a lenha, olhou para a sua dona com uma piscadela de olho e saiu correndo se metendo entre as pernas do velho João, levantando voo e saindo casa pela praia afora, com o velho todo desassossego. 
A vassoura bruxólica parecia um avião com o velho João agarrado nela a voar sobre a praia do Ribeirão. Mas o velho, todo desengonçado, quase se despencando lá do alto, chegou na Praça XV, bem no Centro da cidade, onde sobrevoou durante tanto tempo, até que se desequilibrou e caiu bem no meio de uma dupla de palhaço, que cantarolavam, falavam palhaçadas e a platéia ria, ria... 
Velho João, todo animado, caiu da vassoura. Feito menino, entrou na brincadeira, pulando, cantando e palhaçando, arrancou aplausos e ridos das pessoas. E, esquecendo do bruxaredo e do tempo de criança, agradecido por ter sido bem recebido, o velho João não acreditou no que estava vendo, fazendo e ouvindo. De repente, sentiu saudade de casa, principalmente de seu travesseiro o seu melhor companheiro. Nesse momento, a vassoura escondida atrás da figueira da Praça XV ouviu o sussurro do velho e, correndo, se meteu entre as pernas dele. Os dois levantaram voo.
Como num passe de mágica, velho João se viu deitado na sua cama quentinha, vestido com seu pijama de bolinhas e abraçado com o seu travesseiro, e falou:
__ Isso só pode ter sido um sonho. Levantou-se e foi até a cozinha, que estava vazia e toda limpinha. Nesse dia ele prometeu que passaria a contar muitas histórias. E a cada história contada, as bruxas seriam libertadas e felizes com suas vassouras, povoando a imaginação de muitas pessoas. Neste instando, a janela de seu quarto se abriu. E o velho João se levantou para fechá-la. Mas quando ele colocou suas mãos na janela, lá de fora alguém deu uma gargalhada: __ Ahahahah....
Era a mãe do velho João, a bruxa mais velha do bando, a dona da vassoura que o levou até a Praça XV e o trouxe de volta. Escrevi esta história em junho de 2006.

Atuações:

- Terapia psicopedagógica clínica destinada a indivíduos com dificuldades de aprendizagem autistas, disléxicos, portadores de X-Frágil e outras síndromes;
- Ministrante de Cursos nas seguintes áreas: Déficits de Aprendizagem - Tratamento Psicopedagógico e Trabalho de Prevenção;
- Ministrante de Oficinas de Contação de Histórias e Teatro de Bonecos, para crianças, adolescentes e adultos.
- Faço Animação de Festas Infanto-Juvenil e Adultos - Com teatro de bonecos, contação de histórias, performances... com experiências teóricas e práticas na área de educação.

Eu, "Benzedeira Gamboa mais a cumadi Gracinda", atuando na peça "Seo Frankolino e o Fantástico da Ilha", no Teatro Ulisse, em Brasília/2009.

OBS: Atualmente, estou precisando de profissionais com interesse de participar do "Grupo de Teatro Expressarte - Bonecos em Movimento". Os novos integrantes participarão de oficina teatral "Princípios Básicos de Manipulação de Títeres", para iniciantes, os quais atuarão na manipulação de bonecos, sob minha Direção e de Joel Vigano (At
or).

Gostou?

Contato: claudete_tm@hotmail.com