Páginas

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

ILHA DE SANTA CATARINA - SANTUÁRIO DAS BRUXAS

Ilha de Santa Catarina, Nossa Senhora do Desterro, Florianópolis, recanto de Sol e Mar. Terra povoada pelos índios carijós, vicentistas e depois por açorianos. Povo simples e pacato. Gente devotada à pesca, à agricultura e à religiosidade.

As histórias eram contadas nas noites escuras, ao pé do fogo. Elas eram passadas de pai para filho, remontando a cultura de Santa Catarina. Os mais velhos as contavam de maneira tão convincente, de tal forma que os velhos contadores de histórias misturavam o real com o imaginário. 

Assim, os seres fantásticos se metamorfoseavam em coisas impossiveis, quase reais.


As casas desguarnecidas de lúz nas noites escuras e cera de abelha virgem, para tampar as frestas e os buracos das paredes, era o mesmo que deixar portas e janelas abertas para  bruxa entrar, metamorfoseada em mariposas pretas, com seus olhos vermelhos e compridas antenas peludas. Essas mulheres enfadadas, chupavam sangue de crianças pequenas, embaraçando e trançando seus cabelos. As pobresinhas choravam a noite inteira e amanheciam cheias de manchas roxas pelo corpo.

Os embruxamentos só eram quebrados com rezas e 
benzedura:

Pela cruz de São Simão, que te benzo com a vela benta da Sexta-feira Santa.
Treze raios tem o Sol, treze raios tem a Lua, salta bruxa pro inferno que essa criança não é tua.
Tosca marosca, rabo de rosca.
Vassoura na tua mão, agrilhão nos teus és e relho na tua bunda. 
São Pedro, São Paulo e São Fontista, dentro desta casa São João Batista.
Bruxa tatara bruxa, tu não me entre nesta casa e nem nesta comarca inteira.
Pelo poder desta benzedura, quero te ver nuasinha, nuasinha e sem fado em cima do telhado, chorando com os olhos esbugalhados. 
Por todos os Santos dos Santos... AMÉM!

Eram histórias narradas de qualquer jeito, meio truncadas e aos pedaços. Crianças, falar nelas era proíbido, imaginar nem pensar... Pois todos tinham medo de atrair as bruxas!!! As bruxas!!! As bruxas!


(Autoria: Claudete T. da Mata, junho de 2007 - Fotos: Claudete T. da Mata, jan. e maio de 2011)