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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O BURRICO ROBERTO CARLOS

Segundo moradores, o animal foi queimado na quarta-feira (21/dez.) e até segunda-feira (26/dez.) a Polícia Ambiental não havia aparecido na área. (Foto: Reprodução/Tv Bahia)

Dia 30 de dezembro liguei a televisão e tive a terrível visão de uma reportagem mostrando em rede nacional, um burrico com o lombo todo queimado. De acordo com a narrativa, um adolescente que tentou montar no pobre bichinho que se recusou recebê-lo, e sem coração, em nome da inconsequência infantojuvenil, o rapaz fez isso com o indefeso "Ser". Vamos falar sério, onde estão os pais desse inconsequente ser desalmado?

Ao ver o sofrimento do pobre burrico, senti uma dor muito grande e chorei... Nesse momento pensei, refleti, tentei ver o que está acontecendo com os jovens deste século, mas não consegui uma resposta além da dor que ainda permanece em mim.

Para asorte do Burrico Roberto Carlos, ia passando por ele, um veterinário que se compadeceu da situação do bichinho e falou com um amigo, dono de um háras, que adotou o Burrico. O absurdo maior, também foi o descaso da polícia ambiental, a qual foi chamada mas não compareceu no local desse ato criminoso.


Vendo e ouvindo essa reportagem, lembrei de quando gerei meus dois filhos (Planejados), nem me passou pela cabeça de vê-los fazendo uma barbárie dessa. Jamais tive medo de colocá-los no mundo, assim como a maioria das mulheres temem ter seus filhos nos tempos atuais, optando pela não maternidade. Tudo por terem medo de saberem educar seus filhos, já que não se pode dar nem mais um tapinha educativo nos cidadãos do futuro, os quais não sabem ouvir porque não tem a escuta bem desenvolvida.

Minha filha, no início de sua adolescência, costumava expressar sua indignação de ter uma mãe velha, principalmente quando era repreendida diante de seus comportamentos desaprovados. Ela chorava, esperneava ao ver seus pedidos de passar os fins de semana nas casas das colegas de escola, negado pelos pais. Certa vez, ela falou em bom tom:

__ Sou prisioneira desta casa. Qualquer dia desses eu denuncio vocês ao Conselho Tutela da Criança e do Adolescente! Nesse instante, num impulso de proteção maternal, lhe respondi:

__ Minha filha, tudo o que desejo é te ver feliz hoje e amanhã. Veja os pais de tuas colegas, eles saem para suas viagens e deixam as meninas sozinhas em casa. Que pais são esses que deixam suas filhas assim a solta sem saberem o que acontece com elas... Sem saberem com quem elas adam, onde estão... Será que eles as amam tanto quanto eu e teu pai amamos você?

Ela rapidamente respondia com uma gama de perguntas:

__ Eu sei que vocês me amam, mas custa me deixar sair um pouco? Filhos não são prisineiros, sabia?

Nesses momentos, eu me mantia firme e não a deixava sair. Consciente de meus deveres maternais, eu muitas vezes chorei escondida, mas não voltava atras com minhas decisões porque sabia que minha filha adolescente ainda não estava pronta para sair e dormir fora de casa. Não por falta de confiança, mas pro zelo e amor, afinal eu fui incubida de preparar meus filhos para viverem a vida conscientes de seus deveres e seus direitos.

Meus filho sempre foi mais tranquilo. Passou por todas as fases sem problemas além dos ditos dentro dos padrões da normalidade. Aos dois anos de idade, ele foi flagrado segurando uma codorna pelo pescoço... A bichinha já estava morta, quando a retirei de suas mãos e nos sentamos para uma conversa sobre tal atitude. Muitos diriam que meu filho era uma criança pequena, e que por isso não entenderia nada. Mas após a longa conversa, ele pegou a codorna e a enterrou numa covinha cavada por ele, que chorando, falou ao bichinho pra dormir sossegado porque ele não iria mais matar nenhuma das suas irmãs. Ao contrário da irmã, ele sempre necessitou de estímulos nos estudos por ser portador de Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade. Mas era cobrado sempre que necessário, sendo conscientizado de seus deveres e respeito aos outros... Enfim, tudo o que um filho necessita na sua educação para que no futuro não venha envergonhar, nem decepcionar seus pais. Eles sempre souberam que, se os pais não educam seus filhos no tempo certo, mais tarde a sociedade se encarrega de fazer o que a família não conseguiu.

Me doía quando, após conversar e colocá-los para pensar sem um retorno, eu dava um tapa em meus filhos, mas confesso que valeu a pena. Eles mesmo dizem que devem o que são hoje, pela educação que receberam em casa.

Os dois são dois amores de pessoas. São responsáveis, tranquilos... São saudáveis e sem complicações na arte de respeitar os limites impostos pela sociedade, pela família, pela mãe natureza...

Sempre tivemos animais em casa porque os respeitamos e os amamos como seres criados com uma finalidade, assim como fomos criados e temos direitos a vida. Nós os respeitamos assim como desejamos ser respeitados.

E este sujeito que colocou fogo no Burrico Roberto Carlos, o que pensa da Vida? Que educação recebeu no seio de sua família? E seus pais, o que pensam a respeito dessa horrenda atitude?

Já vimos animais ferozes devorar gente... Não por prazer intencional desse tipo, e sim por questões de sobrevivência. Mesmo ferozes, eles protegem sua prole... Hoje pela manhã, por exemplo, uma correca avançou sobre meu marido, ao sentir-se ameaçada. Ela construiu seu ninho na calha de minha casa, e não mede esforços para defender seu habitat.

E você, o que pensa sobre o ocorrido com o Burrico Roberto Carlos?

Refletindo, parece que para cada pessoa que pratica o bem, podemos assistir uma meia dúzia praticando o mal, sem piedade...

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