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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

UM POUCO DE HISTÓRIA: ILHA DE SANTA CATARINA/BR


Ilha de Santa Catarina, Florianópolis, Recanto de Sol e Mar...
Terra povoada por vicentistas e depois por açorianos, 
Gente simples e pacata...
Povo devotado à pesca, à agricultura e à religiosidade.

Ilha das bruxas, do boi de mamão, das benzedeira e das velhas rendeiras tradicionais...

Tem horas que algo me puxa e me faz pensar... Dar aquela paradinha para refletir, lembrar e registrar. Então eu começo a procurar minhas anotações, vasculhar minha memória, dando valor ao museu histórico do passado que me traz à tona, minha descendência, os costumes de meu povo, a cultura de minha gente...



Encontrei, logo de início, as anotações feitas por mim após a primeira conversa que tive com meu avô Corcínio. Foi uma longa prosa, entre vários cafezinhos feitos no fogão a lenha, numa casinha de madeira a beira mar, lá na Caeira do Ribeirão da Ilha, pertinho do Pântano do Sul. E o aposentado faroleiro começou assim: "Logo no comecinho de tudo isso que restou da Ilha selvagem, no início, habitada pelos "Índios Carijós", descendentes  da "NaçãoTupi-Guarani". Sua existência é marcada pelos traços constatados através de sítios arqueológicos e sambaquis portadores de registros idade que vai até 4.000 anos. Os índios, nossos primeiros ceramistas chamavam a "Ilha de Meiembipe", que significa "montanha ao longo do canal"."

Depois deste e outros relatos de meu avô, naquela tarde inesquecível, indo mais além, segundo relatos de moradores antigos e de historiadores da atualidade, foi por volta de 1514, quando os portugueses enviados por D. João, o rei de Portugal, aportaram na Ilha de Santa Catarina, batizando-a com o nome de "Ilha dos Patos". Mas como não encontraram nada interessante por aqui, retornaram à Portugal. 

Entretanto, foram os espanhóis, que ao perceberem o desinteresse do rei português pela região do Atlântico Sul, aqui chegando e explorando suas riquezas naturais, decidiram conquistá-la, quando no ano de 1526 rebatizaram a Ilha com o nome de "Ilha de Santa Catarina". 

Nessa época, a Ilha era uma espécie de porto para as embarcações com destino à Bacia da Prata onde abasteciam suas naus. Com a chegada dos espanhóis, a Ilha foi dominada por ela, aproximadamente, por 34 anos, tempo suficiente para o "extermínio dos índios carijós", os quais, diz a Sra História, que os mesmos foram escravizados pelos espanhóis, contaminados com as doenças dos homens brancos e aos poucos, extinguidos da ilha. Os que conseguiram sobreviver, imigraram para outras localidades do Estado de Santa Catarina.
Meu avô paterno, contava que seu avô veio da Espanha, num navio pirata, o qual ao aportar na ilha, sendo um dos seus desbravadorer, ao avistar uma índia (minha tataravó), tomado pelo desejo masculino da época, a laçou no meio do mato e domesticou-a, com a qual teve muitos filhos que se espalharam pelo Brasil. Meu avô, morador do Caeira do Pântano do Sul da Ilha, numa de nossas conversas, relatou orgulhoso, que foi o primeiro faroleiro do farol dos Naufragados, e quem ajudou na montagem do museu do Ribeirão da Ilha, com peças quardadas por ele, da época dos piratas espanhóis, quando esses enterravam as relíquias na areia da praia. Ele era pescador e catador de berbigão, por isso morou até morrer, na beira do mar do Ribeirão da Ilha.

Neste contínuo, estudos nos mostram que o povoamento oficial da Ilha de Santa Catarina, iniciou em 1673 com a chegada do bandeirante Francisco Dias Velho, tendo continuidade em 1678 com a construção da capela consagrada à Nossa Senhora do Desterro. É nessa época que a atual Florianópolis se transforma numa "Vila", que aos poucos foi adquirindo aspecto colonial. E para garantir seu domínio,
em 1714 a Coroa Portuguesa elevou  a Ilha à categoria de "Freguesia" com o nome de "Nossa Senhora do Desterro", mas no ano de 1726 a Ilha volta a ser elevada à categoria de "Vila".

A partir desta data a Vila de Nossa Senhora do Desterro e, principalmente, com o Porto Desterrense, passou a ter função estratégica poe estar a meio caminho entre o Rio de Janeiro e Buenos Aires, consideradas na época as duas maiores cidades litorâneas do atlântico da América do Sul.

Em 1738, é criada a Capitania da Ilha de Santa Catarina quando começa ser exigido o mais expressivo Conjunto Defensivo Litorâneo do Sul do Brasil. E assim foram construídas as Fortalezas de Santa Cruz, São José da Ponta Grossa, Santo Antônio e de Nossa Senhora da Conceição da Barra do Sul.

Com a implantação da Capitania, sob os vieses da monarquia, a população começa a aumentar,  porém o grande salto populacional acontece entre 1747 e 1756 com a chegada aproximada de 4.000 colonizadores procedentes do Arquipélago dos Açores e da Ilha da Madeira, enviada pelo rei de Portugal. Com a ocupação açoriana acontece o desenvolvimento da agricultura, da indústria manufatureira de algodão e linho e do comércio.

Por volta de 1823, ainda no período monárquico, Nossa Senhora do Desterro tornou-se Capital da Província de Santa Catarina, iniciando um período de prosperidade com a abertura para as obras urbanas e também com uma intensa organização política.

Com a instauração inicial da República Brasileira, com as elites regionais, bem inconformadas sobre a centralização do governo, foi deflagrada a Revolta Federalista, um movimento iniciado no Rio Grande do Sul, espalhando-se por Santa Catarina, o que tornou Nossa Senhora do Desterro numa "Capital Federalista da República Brasileira". 


Foi assim, que presidente do Brasil, Marechal Floriano Peixoto, conhecido pela população brasileira como o "Marechal de Ferro", sufocou a rebelião, ordenando aos seus comandantes que fuzilassem todas as pessoas na fortaleza da Ilha de Anhatomirim, pessoas consideradas por ele, suas inimigas. Para mostrar lealdade ao marechal mandante da história do extermínio de muitos ilhéus, é que foi aprovado em 1894, a troca do nome da Capital do Estado de Santa Catarina, que passou de Nossa Senhora do Desterro para Florianópolis, ou seja, a "Cidade de Floriano Peixoto".

Hoje, com o desenvolvimento das novas políticas públicas social, político e econômico, o nome da Capital encontra-se desvinculado de sua origem, representando tudo de bom que a Ilha de Santa Catarina tem a nos oferecer.
Em 1965, a Prefeitura Municipal de Florianópolis, agora inovada, lançou um concurso para eleger uma canção própria da cidade florianopolitana, através do Projeto de Lei nº 877 de 27/08/1968, de autoria do vereador Waldemar Joaquim da Silva Filho (Caruso)
A canção vencedora do concurso foi o "Rancho do Amor à Ilha", de autoria de Cláudio Alvim Barbosa (o manezinho Zininho ), sendo o Hino Oficial de Florianópolis .

RANCHO DE AMOR À ILHA
"Um pedacinho de terra,
perdido no mar...
Num pedacinho de terra,
beleza sem par...
Jamais a natureza
reuniu tanta beleza
jamais algum poeta
teve tanto pra cantar!
Num pedacinho de terra
belezas sem par!
Ilha da moça faceira,
da velha rendeira tradicional
Ilha da velha figueira
onde em tarde fagueira
vou ler meu jornal.
Tua lagoa formosa
ternura de rosa
poema ao luar,
cristal onde a lua vaidosa
sestrosa, dengosa
vem se espelhar..."

Fonte de Pesquisa: http://www.pmf.sc.gov.br/turismo