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sábado, 8 de agosto de 2015

Ilha das Bruxas - capítulo 1 (parte 1/2)



Elas ainda vivem nesta ilha.

AMANHÃ - DIA DOS PAIS E DIA DA MINHA MÃE!

Minha mãe,

meu tesouro cheio de joias raras...

Quando ela inicia uma prosa,
sempre trás à lembrança
o marido que um dia viajou escondido
e a deixou para trás
com os seus três filhos.

Ela caiu,
perdeu a memória...
Não suportou ver seu grande amor ir-se embora.

Ao acordar,
no momento seguinte,
já não sabia mais quem era Eu...

Apavorada,
corri ao andar debaixo
a pedir socorro...

O dono do sobradinho onde morávamos,
chamou um táxi...

Minha Mãe foi levada a um lugar onde criança não podia entrar...
Só os adultos da família.

Ela passou quatro meses
sem saber quem era Ela mesma.

Liberada as visitas,
para acalmar o coração dos filhos,
corri ao seu encontro.
Foi terrível!

Minha Mãe caminhava pelo ambiente
sem perceber sua prole...
Parecia um zumbi.
Ela já não era mais a mesma.

Fiquei sem saber o que pensar.
Dizem que criança não pensa,
mas Eu tentei entender...
Ainda lembro-me desse momento.

Passado o Tempo em tratamento de choque elétrico,
para acordar a memória...
Finalmente chegou o grande dia:
Minha mãe acordou e sorriu para mim,
como se houvesse acordado de um sonho.

Passado algumas semanas,
ela recebeu alta e voltou para nós.

O Tempo passou ligeiro...

Minha mãe casou outra vez.
Casou a pedido dos filhos,
por uma sacola de pão,
um pacote de manteiga,
uma garrafa de leite fresco...

Tivemos mais quatro irmãs.
Ganhamos um padrasto que nada nos deixava faltar.
Entretanto,
para comer um ovo,
uma banana
ou um pão,
era preciso pedir permissão.

O tempo passou mais um pouco...
Aos dezoito anos,
fui visitar meu pai...
Ele já não me conhecia mais.
Seus outros filhos haviam nascido.
Eu era criança,
no tempo da sua partida para bem longe.

Sua companheira,
numa das minhas visitas,
disse alto,
e em bom tom:

- Se fosse preciso, eu faria tudo outra vez. Fiz o que fiz, por amor!

Então,
fiquei a me perguntar:

"Que amor é esse, que é capaz de separar o pai dos filhos?"
E conversei cá com os meus botões:
"Se amar é assim, prefiro não amar jamais... O resultado desse amor ainda dói..."

O Tempo passou mais um pouco...
Durante minhas duas férias anuais,
Eu gostava de estar com meu Pai.
Nós dois brincávamos deito crianças...
São boas todas as lembranças dos momentos que vivi ao lado dele.

Todos os filhos cresceram
e até tiveram os seus próprios filhos...


Numa tarde verão,
liguei para falar com meu Pai...
A madrasta,
do outro lado da linha,
falou alto e em bom tom:

- Não ligue mais para cá. Teu Pai nunca mais vai falar com você... Quando ele morrer, nenhum de você vai saber...

O telefone fez PI PI PI PI...
Nunca mais voltei a falar com meu Pai.
O falado foi concretizado.
Chorei todas as vezes que tentei ouvir a voz de meu Pai.

O telefone de sua casa,
tinha a tal de Bina,
o identificador que me denunciava.

O Tempo passou...

Casei sem ter o orgulho de ter sido conduzida ao altar
por meu Pai.

O Tempo continuou a passar.

Tive meus dois filhos
que nunca conseguiram chamar meu Pai de VOVÔ.

Se aquela mulher não tivesse impedido,
meus filhos teriam conhecido meu Pai.
que teria dado o seu carinho incrível
aos netos gerados por mim.

Também,
aos netos gerados por meus dois irmãos.

O Tempo passou mais um pouco...

Meu pai viajou para o infinito,
a deixar saudades.
Mesmo distante,
Eu sabia que tinha meu pai.

Ele sempre vai ser o meu HERÓI!

Amanhã,
Dia 09 de agosto,
Minha Mãe completa 77 anos
ao nosso lado.

Sem ela,
o mundo,
em FAMÍLIA,
já não seria tão interessante.

O Tempo continua a passar...

Agora estou resgatando os meus familiares paternos.
Com a ajuda do meu primo segundo (paterno),
Donatílio Aguiar,
encontrei meu tio paterno:
tio Narbal da Mata

(da esquerda à direita: Meu Tio, Eu, minha prima irmã Maria de Lourdes da Mata e meu primo segundo - do outro lado da câmera, estavam: meu filho Natan Leal e meu tio Joel da Mata)

Minha família paterna
vive no Sul da Ilha de SC,
desde o Tempo da antiga
Nossa Senhora do Desterro.

Abracei meu tio Narbal
e consegui matar um pouco da saudade de meu Pai!

QUE DEUS CONTINUE SEMPRE AO NOSSO LADO,
À NOSSA FRENTE,
ATRÁS DE TODOS NÓS...

E QUE NENHUM DE NÓS ESQUEÇA QUE
SEM PAI,
NEM MÃE,
POR MUITO QUE A CIÊNCIA FIQUE A PROMETER:
OS FILHOS DEIXAM DE EXISTIR.

Então,
Hoje Eu SAÚDO o DIA de 09 de AGOSTO de 2015.

Esta é uma história que compõe as minhas experiências cheias de saudades.

(Claudete T. da Mata)